Novo contraceptivo masculino é seguro, eficaz e barato – e não tem uma empresa que o venda

Os médicos estão prestes a lançar no mercado um contraceptivo masculino. Mas, em vez de numa grande empresa farmacêutica, a descoberta surgiu numa startup universitária no coração da Índia rural. Anos de testes em humanos do produto injectável que destrói os espermatozóides estão a chegar ao fim e os investigadores preparam-se para o submeter à aprovação das entidades reguladoras. Os resultados obtidos até agora demonstram que o produto é seguro, eficaz e fácil de usar, mas não tem tido muito sucesso junto das empresas farmacêuticas.
Um novo método contraceptivo masculino tem potencial para conquistar até metade do mercado mundial dos contraceptivos femininos, que representa 10.000 milhões de dólares (9420 milhões de euros), e de obter uma fatia das vendas anuais de preservativos, com um valor 3200 milhões de dólares (3010 milhões de euros). Ambos os mercados são dominados pelos gigantes farmacêuticos Bayer, Pfizer e Merck. Também poderia aliviar as 225 milhões de mulheres nos países em vias de desenvolvimento que, segundo a Organização Mundial da Saúde, não obtêm respostas para as suas necessidades contraceptivas.
A técnica de Sujoy Guha para inibir a fertilidade masculina recorre a um polímero em gel que é injectado nos canais que transportam espermatozóides no escroto. Este gel, que tem a consistência de chocolate derretido, tem uma carga positiva que age como uma barreira perante os espermatozóides, que têm uma carga negativa, causando-lhes danos na cabeça e na cauda e tornando-os estéreis. Este tratamento, conhecido como inibição reversível de espermatozóides sob orientação (reversible inhibition of sperm under guidance, ou RISUG), pode ser invertido com uma segunda injecção que destrói o gel, permitindo aos espermatozóides chegarem ao pénis normalmente.

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