Thomas More_ Utopia: 500 anos de um novo mundo

Foi de certa maneira um trabalho colectivo em que colaboraram vários amigos do autor, entre os quais Erasmo de Roterdão, que oito anos antes dedicara a More o não menos conhecido Elogio da Loucura

A Utopia tem antecedentes – entre os quais é fácil apontar, por exemplo, A República de Platão (expressamente invocada) ou A Cidade de Deus (De civitate Dei) de Santo Agostinho — e teve uma imensa descendência, que chega até aos nossos dias. Na segunda metade do século XIX, William Morris, homem de artes e de letras, publicou as suas próprias “Notícias de Nenhures” (News from Nowhere), um manifesto socialista cujo título remete directamente para o seu ilustre antepassado. Quase todas as “utopias”, de resto, têm sempre tido o seu vezo ‘socialista’ ou ‘comunista’. É de pensar que há uma afinidade natural entre os ideais que espelham e a ideia de os desenhar com régua e esquadro e de os impor, se necessário, com “um safanão a tempo”, ou algo mais — num “reino da virtude” severamente regulado e disciplinado. Na ilha imaginada por More há horas marcadas para tudo, regras sobre a roupa, doses de “cultura” regimentada e obrigatória, etc., naquilo que a muitos de nós parece um verdadeiro pesadelo e não difere muito do que nos mostram com horror as chamadas “utopias negativas” (para que se criou o nome técnico de “distopias”).

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