Ou como a esquerda portuguesa está em outra cousa
…O que é que nos surpreende, então, na conclusão que os ingleses tiraram disto tudo, e que tanto irrita os alemães? É que eles não parecem estar a pensar como a gente quer que pensem: direita/esquerda; fraternidade europeia; melhores condições para a prosperidade dos mercados financeiros. Nada disso os move. Estão, pelo contrário a pensar sem política, a partir do que lhes interessa a eles, de como querem viver. A Europa, para eles, é um lugar mais quente onde se faz férias, a esquerda há muito que afinal era mentira e a prosperidade financeira da City a eles só lhes tem lixado a vida. Todos os argumentos económicos sobre como o Brexit ia ser mau para as finanças, passaram-lhes ao lado completamente. Quais finanças, perguntam, as deles lá em casa? Não estão as finanças deles pior do que sempre estiveram desde os anos 60? Assim pensam as pessoas que não estão politizadas institucionalmente. É normal, não? …E nós, então? O problema que o Brexit nos põe a nós, portugueses, é o mesmo que põe a todos os outros europeus das margens. Que projecto europeu é este? Temos mesmo é que aprender com os ingleses e começar a pensar a partir de onde estamos, deixando de lado os cansados chavões políticos que os Passos Coelhos nos querem vender e que nos têm escravizado. Não vamos pensar naquilo a que temos direito, vamos pensar naquilo que queremos obter. Melhor assim, não? Afinal, que é isso de ter direitos num covil de ladrões?..Por isso, vamos lá! Chegou a altura de começar outra vez outro projecto. Vamos falar com Gregos e Turcos; com Cabo Verdianos e São Tomenses; com Brasileiros e Angolanos; com Finlandeses e Estónios; com Catalães e (se domingo a coisa se resolver de uma maneira menos destrutiva) até com Castelhanos! Vamos ver se os Italianos conseguem ter alguém que fale connosco. Para que serve afinal esse Palácio das Necessidades! Mas não é pensar com os alemães, é pensar à margem deles! É pensar por nós: aquilo que os portugueses não sabem fazer, mas que os ingleses parecem saber fazer bem demais. Sem uma nova política internacional corajosamente virada para as margens, nós vamos continuar nesta escravidão europeia. O Juncker já nos disse isso, porque é que nós não queremos ouvir?http://www.esquerda.net//artigo/o-brexit-e-portugal/43436?
Unha imaxe enxerga mellor o fungo ca mil palabras
E un poema, axuda a reflexionar
SAUDAÇÃO
Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.
(Ezra Pound, tradução de Mário Faustino)
Sim, Bom. Também muitas vezes uma palavra vale mais que mil imagens, mas o caso é que eles estão nisso e aquí a esquerda está em aquilo