Perguntei a um grupo de 15 licenciadas/os com quem estava reunido quantos tinham visto a entrevista de António Costa à RTP1 na véspera, 5 de Dezembro. Nenhum. E nem um sabia sequer que o primeiro-ministro tinha dado essa entrevista.
O consumo de conteúdos televisivos tem mudado extraordinariamente. Apesar do total da audiência de televisão no televisor se manter semelhante nos últimos anos, os cinco canais generalistas (RTP1, RTP2, SIC, TVI e ARTV) perderam 15%, enquanto cresceram os canais de cabo (13%) e outros (19%). Só dos primeiros meses deste ano para os três últimos, perderam 3% da parte de audiência. Entre os lares com TV por subscrição, desde Julho que os canais de cabo tiveram audiência mensal superior à dos generalistas.
Além disso, a RTP tem seguido, nos últimos anos, um inaceitável retrocesso em termos de conteúdos, retomando tipos de programas e formas de comunicação dos anos 80 e 90. Nem vale a pena referir que o grupo de pessoas a quem o Estado entregou a RTP há dois anos faz programação com os “amigos”, uma teia de relações obscuras que, por natureza, se afasta de qualquer noção que possa subsistir de serviço público. Se a isso somarmos o desperdício de dinheiro com jogos de futebol, a submissão aos interesses governamentais (entrada à força de directores na direcção de Informação, intromissão do administrador governamental Artur Silva nos conteúdos, etc.), o quadro de “o serviço público” é negro. Mesmo na RTP2, que beneficiou de uma programação racional nos últimos dois anos, são as séries europeias o que mais atrai a minoria que contacta o canal.