As pesquisas realizadas por Viñas, em sua tentativa de reconstruir as principais fontes de enriquecimento de Franco, o levaram a descobrir que, em 1940, cerca de um quinto do patrimônio do caudilho tinha como origem a venda de café. Uma revelação um tanto inesperada, já que – até onde se sabe – Franco nunca se dedicou ao comércio ou cultivo do produto. O pesquisador encontrou, então, uma informação relacionada diretamente ao Brasil. O café vendido pelo caudilho, e que engordou sua conta, teria como origem uma doação do produto feita pelo governo brasileiro em 1939, à época sob a ditadura do Estado Novo liderada por Getúlio Vargas.
“Fiquei estupefato”, relembra Viñas. “Eu tinha várias hipóteses, mas o que não podia suspeitar é que esse dinheiro era fruto de uma venda que Franco fez ao Comissariado de Abastecimentos e Transportes (CAT) de uma doação de 600 toneladas [de café] feita por Vargas”, descreve. Ou seja, o ditador teria vendido ao próprio Estado espanhol o café doado e se apropriado dos valores obtidos.