Camilo José Cela: um vagabundo ao serviço de Espanha e da literatura

Era galego e aristocrata (1.ª Marquês de Iria Flavia). Tanto foi
franquista assumido como tremendista, cultor destacado, segundo o
cânone, de um movimento literário, surgido nos anos 40 do século passado
em Espanha, que apreciava, no romance, a língua solta e crua, as
situações violentas, as personagens marginalizadas, um olhar grotesco
sobre a vida. Passou pelo curso de medicina, assistiu a aulas de
Filosofia, foi informador do regime de Franco (segundo o historiador
Pere Ysàs i Solanes, até mesmo nos anos 60, quando se julgava um
dissidente), feriu-se durante a Guerra Civil espanhola, tornou-se
jornalista. E censor. Censor e, mais tarde, vítima de censura, situação que diz bem das suas fundas contradições.
Da confluência na sua personalidade excêntrica da simpatia pelo
nacionalismo político e por uma espécie de libertinagem de linguagem –
muita dela de travo popular — e de costumes e um gosto pelas vanguardas e
pelas experiências. Um espírito anarquista que escreveu que “a fria
ordem administrativa dos museus, dos ficheiros, das estatísticas e do
cemitério, é uma ordem desumana”. Alguém que, tendo participado com
entusiasmo numa guerra, considerou-a mais tarde terrível e
desnecessária.

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De Espanha e de todo quem lhe pagara.
Para o ditador venezuelano Pérez Jiménez escreveu “La catira” tentando competir (anular na demencial lógica dos fachas) a “Doña Bárbara” de Rómulo Gallegos.
Um individuo despreciavel este Camilo José. Ele e toda sua “caterva”.

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