AGAL Comemora Irmandades da fala para a manifa do 17 de maio

um site em construção, mas que como todo o que faz a AGAL, cousa boa e de respeito.


beijos Helena

Irmãos e Irmãs:

No vindouro 17 de maio, como (quase) cada ano, A Mesa / Queremos Galego convoca a sua enxebre manifestaçom nacional com motivo do Dia das Letras Galegas.

A 18 de maio de 1916 funda-se na Corunha a primeira das Irmandades (dos Amigos) da Fala, seguida polas de Santiago (a 28 de maio, dez dias depois), Monforte, Ponte Vedra, Ourense ou Vilalva.

A manife do dezassete fará-se, portanto, na véspera do Centenário das Irmandades da Fala e da Associaçom Galega da Língua (AGAL) queremos celebrá-lo como é devido. logobo

Por isso a AGAL decidiu aderir à convocatória d’A Mesa / Queremos Galego e animar as/os nossas/os sócias/os e amigas/os a participarem na manifestaçom dentro do cortejo AGALante.

O cortejo AGALante desfilará polas ruas de Compostela com o lema “co’as Irmandades na rua, A Fala continua” e para participar nele recomenda-se a irmãos e irmãs irem ataviados/as segundo a moda dos (violentos) anos dez ou dos (loucos) anos vinte, quer dizer, como autênticos/as dándis/dandizettes.

Para ir aquecendo motores a AGAL lançou hoje mesmo ao ar um site em construçom, onde podem ler-se citações lusistas de senlheiros irmãos da Fala (de aparência induvidavelmente dândi) bem como um artigo contextualizador do historiador (e autor da Breve História do Reintegracionismo) Tiago Andelo.

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POR UM GALEGO FUTURISTA

Tiago Peres Gonçalves (autor da Breve História do Reintegracionismo)

“Diferentes veces tratouse este asunto da ortografia galega. Lémbrome dos tempos da “Revista Gallega” dirixida por Salinas e feita na imprenta do meu pai, onde se publicaron os primeiros traballos de Historia de Galicia e mais de Xeografía da Nazón Galega escritos en galego, e na que colaboraron todol-os grandes valores da nosa terra que son hoxe venerados por nós. (…) algo conseguíuse despois de reñidas loitas, mas o que se non conseguíu foi adoutar o J que “non entraba” nos létores. (…) Alguns anos pasados e nos primeiros tempos das “Irmandades da Fala” en “A Nosa Terra”, voltouse tratar da custión ortográfica, sobre todo no asunto J: Nesta ocasión interviñen eu tamén. Po-lo artigo de Villar Ponte publicado hai poucos dias no PUEBLO GALLEGO viuse como houbo que deixar o J e voltar ao X.”1

O fragmento anterior, publicado em 1928 por Leandro Carré com o título “En col da ortografia Galega”, sintetiza na perfeição a nossa história negada. O galeguista, para além de fazer um balanço das renhidas lutas normativas desde o regionalismo até ao nacionalismo das Irmandades, propunha a seguir a utilização do com o conhecido argumento “pedagógico” da dificuldade que teriam as crianças galegas ao estarem alfabetizadas em castelhano.

Este exemplo não é mais do que uma amostra, como tantas outras, da presença dos debates normativos desde os primórdios da história do galeguismo. De facto, como estudou a historiadora Anne-Marie Thiesse, durante a emergência das nações, para a elaboração dos primeiros códigos ortográficos, o debate na Europa e também na Galiza oscilou entre “voltar às origens” ou imaginar uma normativa ex novo, diferente, no caso galego, do português.

Paradoxalmente, esse regresso às origens tinha como objetivo brindar ao galego um futuro para o seu passado. Talvez por isso, Johan Vicente Biqueira era conhecido entre os membros da sua geração como “o galego futurista”. Este, que foi presidente das Irmandades da Fala da Corunha, juntamente com Antón Villar Ponte chegaram mesmo a introduzir a sua proposta etimológica nalguns números de “A Nosa Terra”. Não tinha sido a primeira vez que se tentava, nem seria a última. Apesar da rutura do 36 e das desconexões com a tradição anterior, a memória dos debates normativos chegou até nós. Um bom exemplo disso é a saúde de que goza hoje em dia o reintegracionismo: uma proposta ortográfica convertida em movimento social sobre a qual foi questionado em 1990 o poeta Manuel Maria, homenageado este ano com o Dia das Letras Galegas:

“¿Qué opinas do reintegracionismo?
Estou a favor. Non escribo en reintegrado, porque cando comenzou este movemento eu xa era vello, son algo preguizoso, e teño uns hábitos de escritura de trinta anos. Pero gustaríame que se utilizase a grafía do portugués, conservando o noso próprio idioma. A primeira razón na que me baso para dicir isto, é que a grafía portuguesa vaille mellor. En segundo lugar por diferenciar a ortografía galega da española. E por último, porque isto favorecería tremendamente que tódolos lusófonos puidesen ler ós escritores galegos, sen grandes dificultades. A ortografía paréceme unha ponte importante.”

A história, dizem, escrevem-na os vencedores. Talvez por isso as palavras de Leandro Carré que abrem este artigo ou as de Manuel Maria que o fecham, não aparecem em nenhuma história oficial. Na nossa mão está construir, mas também exigir, uma história que nos inclua a todos e todas.

1 Em “En col da ortografia galega”, EPG, 1.290, 05/04/1928.

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